2) Personagens
3) Espaço
4) Tempo
5) Narrador
6) Simbologia das personagens
7) Elementos simbólicos
1) Género
Considerado um romance histórico, romance de espaço e romance social.
2) Personagens
D. João V – representa o poder real e condena uma nação a servir a sua religiosidade fanática. Assume apenas o papel gerativo de um filho e de um convento, na qual a intimidade e o amor estão ausentes.
“El-rei, com os seus infantes seus manos e suas manas infantas, jantará na Inquisição depois de terminado o acto de fé, e estando já aliviado do seu incómodo honrará a mesa do inquisidor-mor, soberbíssima de tigelas (…) “
D. Maria Ana Josefa – representa a mulher do rei que se liberta da sua condição aristocrática através do sonho. É uma mulher passiva insatisfeita que vive num ambiente repressivo.
“D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou.”
Baltasar Sete-Sóis – representa a crítica do narrador á desumanidade da guerra. É um homem pragmático e simples que assume um papel na construção da passarola.
“Este que por desafrontada aparência, sacudir da espada e desparelhadas vestes, ainda que descalço, parece soldado, é Baltasar Mateus, o Sete-Sóis.”
Blimunda Sete-Luas – representa o transcendente e a inquietação constante do ser humano em relação á morte, ao amor e ao pecado. È uma mulher sensual e inteligente. Que vive sem regras que a condicionam. É dotada de poderes invulgares.
“ Blimunda, olha só, com esses teus olhos que tudo são capazes de ver, e aquele homem quem será, tão alto, que está perto de Blimunda e não sabe, ai não sabe não (…) ”
Padre Bartolomeu de Gusmão – representa as novas ideias que causavam estranheza na sociedade. Torna-se um alvo de chacota por parte da corte e inquisição. É um homem curioso, conhecido por “voador” e através da construção da passarola corporiza o sonho.
“ Aquele que ali vem é o padre Bartolomeu Lourenço, a quem chamam o Voador (…) “
Domenico Scarlatti – representa a arte aliada ao sonho. É ele que cura Blimunda e possibilita o voo da passarola.
“ (…) vem de Londres contratado Domenico Scarlatti.”
Povo – representa a crítica à escravidão para alimentar o sonho de rei megalómano na construção do convento de Mafra. É o verdadeiro protagonista.
“ordeno que todos os corredores do reino se mande que reúnam e enviem para Mafra quantos operários se encontram nas suas jurisdições (…) “
3) Espaço
Físico: Lisboa, Mafra
Social: procissão da Quaresma, autos-de-fé, tourada, procissão de Corpo de Deus, o trabalho no convento, a miséria no Alentejo e cortejo real.
Psicológico: os sonhos e os pensamentos.
4) Tempo
Tempo histórico – a acção do romance tem início no ano de 1711.
Tempo do discurso – É revelado através da forma como o narrador relata os acontecimentos.
5) Narrador
Na obra “Memorial do Convento” o narrador é maioritariamente heterodiegético, quanto à presença, e omnisciente, quanto à ciência/focalização.
6) Simbologia das personagens
Bartolomeu - ser fragmentário; criação evolutiva; dividido entre a religião e a ciência.
Blimunda - olhar o interior das pessoas; recolha das duas mil vontades; vidente; magia.
Baltasar - deformidade física (perda da mão esquerda representa o corte com o passado militar); força; homem do povo: herói.
7) Elementos simbólicos
Sete
Representando simbolicamente a totalidade do universo em movimento, o sete é o somatório dos quatro pontos cardeais com a trindade divina.
A sua presença, no nome de Blimunda e Baltasar, tem um significado dual, uma vez que se liga à mudança de um ciclo e renovação positiva. Evidencia a harmonia cosmogónica (o dia e a noite), representando metaforicamente a totalidade.
Nove
Representa a gestação, a renovação e o nascimento. Blimunda procura Baltasar por nove anos, a sua separação originou a fragmentação da unidade representada pelo par.
Passarola
Simboliza o elo de ligação entre o céu e a terra. A passarola encerra o valor de dois símbolos que aparentemente se opõem: a barca e a ave. Todavia, se pensarmos que a barca remete para a viagem e a ave remete para a liberdade, concluímos que a passarola, pelo seu movimento ascensional, representa metaforicamente a alma que ascende aos céus. Assim, esta representa a libertação do espírito e a passagem para um outro estado de existência.
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