quinta-feira, 29 de maio de 2008

Memorial do convento

1) Género
2) Personagens
3) Espaço
4) Tempo
5) Narrador

6) Simbologia das personagens
7) Elementos simbólicos



1) Género
Considerado um romance histórico, romance de espaço e romance social.


2) Personagens

D. João V – representa o poder real e condena uma nação a servir a sua religiosidade fanática. Assume apenas o papel gerativo de um filho e de um convento, na qual a intimidade e o amor estão ausentes.


“El-rei, com os seus infantes seus manos e suas manas infantas, jantará na Inquisição depois de terminado o acto de fé, e estando já aliviado do seu incómodo honrará a mesa do inquisidor-mor, soberbíssima de tigelas (…) “

D. Maria Ana Josefa – representa a mulher do rei que se liberta da sua condição aristocrática através do sonho. É uma mulher passiva insatisfeita que vive num ambiente repressivo.

“D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou.”

Baltasar Sete-Sóis – representa a crítica do narrador á desumanidade da guerra. É um homem pragmático e simples que assume um papel na construção da passarola.

“Este que por desafrontada aparência, sacudir da espada e desparelhadas vestes, ainda que descalço, parece soldado, é Baltasar Mateus, o Sete-Sóis.”

Blimunda Sete-Luas – representa o transcendente e a inquietação constante do ser humano em relação á morte, ao amor e ao pecado. È uma mulher sensual e inteligente. Que vive sem regras que a condicionam. É dotada de poderes invulgares.

“ Blimunda, olha só, com esses teus olhos que tudo são capazes de ver, e aquele homem quem será, tão alto, que está perto de Blimunda e não sabe, ai não sabe não (…) ”

Padre Bartolomeu de Gusmão – representa as novas ideias que causavam estranheza na sociedade. Torna-se um alvo de chacota por parte da corte e inquisição. É um homem curioso, conhecido por “voador” e através da construção da passarola corporiza o sonho.

“ Aquele que ali vem é o padre Bartolomeu Lourenço, a quem chamam o Voador (…) “

Domenico Scarlatti – representa a arte aliada ao sonho. É ele que cura Blimunda e possibilita o voo da passarola.

“ (…) vem de Londres contratado Domenico Scarlatti.”

Povo – representa a crítica à escravidão para alimentar o sonho de rei megalómano na construção do convento de Mafra. É o verdadeiro protagonista.

“ordeno que todos os corredores do reino se mande que reúnam e enviem para Mafra quantos operários se encontram nas suas jurisdições (…) “




3) Espaço

Físico: Lisboa, Mafra
Social: procissão da Quaresma, autos-de-fé, tourada, procissão de Corpo de Deus, o trabalho no convento, a miséria no Alentejo e cortejo real.
Psicológico: os sonhos e os pensamentos.

4) Tempo

Tempo histórico – a acção do romance tem início no ano de 1711.
Tempo do discurso – É revelado através da forma como o narrador relata os acontecimentos.


5) Narrador


Na obra “Memorial do Convento” o narrador é maioritariamente heterodiegético, quanto à presença, e omnisciente, quanto à ciência/focalização.


6) Simbologia das personagens

Bartolomeu - ser fragmentário; criação evolutiva; dividido entre a religião e a ciência.

Blimunda - olhar o interior das pessoas; recolha das duas mil vontades; vidente; magia.

Baltasar - deformidade física (perda da mão esquerda representa o corte com o passado militar); força; homem do povo: herói.


7) Elementos simbólicos

Sete
Representando simbolicamente a totalidade do universo em movimento, o sete é o somatório dos quatro pontos cardeais com a trindade divina.
A sua presença, no nome de Blimunda e Baltasar, tem um significado dual, uma vez que se liga à mudança de um ciclo e renovação positiva. Evidencia a harmonia cosmogónica (o dia e a noite), representando metaforicamente a totalidade.

Nove
Representa a gestação, a renovação e o nascimento. Blimunda procura Baltasar por nove anos, a sua separação originou a fragmentação da unidade representada pelo par.

Passarola
Simboliza o elo de ligação entre o céu e a terra. A passarola encerra o valor de dois símbolos que aparentemente se opõem: a barca e a ave. Todavia, se pensarmos que a barca remete para a viagem e a ave remete para a liberdade, concluímos que a passarola, pelo seu movimento ascensional, representa metaforicamente a alma que ascende aos céus. Assim, esta representa a libertação do espírito e a passagem para um outro estado de existência.




Lorina Miranda




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