segunda-feira, 3 de março de 2008

Mensagem vs. Lusíadas, no 3º período






vs.
No 3º Período vamos mostrar essa comparação no nosso blogue. Não perca!
Filipe Taveira

Alberto Caeiro e Álvaro de Campos

Alberto Caeiro e Álvaro de Campos são dois heterónimos pessoanos, sendo também dos mais famosos.
Caeiro, poeta da natureza e mestre de todos os outros, viveu segundo uma filosofia que recusava o pensar, pois para Caeiro “Pensar é estar doente dos olhos”. Desta forma, exaltava apenas o acto de ver, isto é, as sensações recebidas da natureza. Os seus ensinamentos são facilmente identificáveis, por exemplo, na composição O Guardador de Rebanhos.
Já Campos apresenta três fases na sua obra: a decadentista, marcada pelo tédio e pelo recurso a droga (ópio) para escapar à monotonia da sua vida; a futurista e sensacionista, preenchida com a exaltação do progresso tecnológico, patente nas suas odes Triunfal e Marítima; e, finalmente, a fase intimista marcada pela frustração de não conseguir, tal como Pessoa, a plenitude pessoal.
Concluindo, Caeiro ficou como o poeta do sensacionismo ingénuo, enquanto Campos viveu atribuladamente, pois tentou sentir tudo de todas as maneiras, nunca o conseguindo.
Filipe Taveira

Como entender Ricardo Reis?

RICARDO REIS – O POETA DA RAZÃO


Ricardo Reis não desejou mais que viver segundo o ensinamento de todas as culturas, sinteticamente recolhidas numa sabedoria que vem de longe e que nem por isso deixou de ser pessoal. Viver conforme a natureza, liberto de paixões, indiferente às circunstâncias e aceitando voluntariamente um destino involuntário era uma parte da sua filosofia. A filosofia de Reis rege-se pelo ideal “Carpe Diem” – a sabedoria consiste em saber-se aproveitar o presente, porque se sabe que a vida é breve. Há que nos contentarmos com o que o destino nos trouxe. Há que viver com moderação, sem nos apegarmos às coisas, e por isso as paixões devem ser comedidas, para que a hora da morte não seja demasiado dolorosa.


FISICAMENTE

A partir da carta a Adolfo Casais Monteiro

Nasceu no Porto (1887);
Foi educado num colégio de Jesuítas;
Médico;
Viveu no Brasil, expatriou-se voluntariamente por ser monárquico; “É latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria”;
Interesse por cultura clássica, Romana (latina) e Grega (helénica);

CARACTERISTICAS LITERÁRIAS

1) EPICURISMO

- Busca de uma felicidade relativa, sem desprazer ou dor, através de um estado de ataraxia (certa tranquilidade ou indiferença capaz de evitar a perturbação);

-Exemplo: Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio:sensação de que não podemos viver aquilo que não foi vivido (não podemos voltar atrás); passagem do tempo ; angústia ; fatalismo, conformismo (tudo é passageiro, nomeadamente o amor, que causa tanta perturbação); desejo de uma passagem serena pela vida; viver o momento sem paixão; rejeição do apego às coisas intensas da vida; filosofia que resulta da disciplina da razão (coloca a razão acima das sensações);


2) PAGANISMO

-Crença nos Deuses;
-Intelectualização das emoções;
- Medo da morte.

3) ESTOICISMO


-Aceitação das leis do destino (aceitação voluntária de um destino involuntário);
- Indiferença face às paixões e à dor;
-Abdicação de lutar;
-Autodisciplina.


Exemplo 1: Só esta liberdade nos concedem : aceitação da nossa precariedade/efemeridade, não podemos comandar o destino; construção da nossa vida apenas para a satisfação do momento; vida como imitação da dos deuses; submissão ao destino e busca da tranquilidade.

Exemplo 2: Prefiro rosas, meu amor, à Pátria : preferência das coisas naturais às artificiais; rejeição de tudo o que não é natural, tudo o que é responsabilidade, tudo o que nos obriga a empenharmo-nos; a vida é para ser observada, não para ser vivida; ataraxia (ausência de perturbação); demissão, indiferença perante a vida.

4) HORACIANISMO
- Carpe Diem: Vive o momento;
-Aurea mediocritas: a felicidade possível no sossego do campo (proximidade de Caeiro).


Bem se souberem isto safam-se em qualquer teste ou exame!

Boa Sorte!
Filipe Taveira




A minha imagem...


A Mensagem é diferente para cada pessoa mas tudo se resume em lutar por um futuro melhor.


Este livro apresenta a capa do original, sendo datado de 1959. Encontra-se na sede do Agrupamento de escuteiros 1300 - Pedreira.
Curiosidade: O livro apresenta as datas em que Fernando pessoa escreveu cada poema que compõe a obra.

Agora só desejo que entrem na nau e sonhem com um futuro melhor.
Filipe Taveira

sábado, 1 de março de 2008

XII
Prece

Senhor, a noite veio e a alma é vil.

Tanta foi a tormenta e a vontade!

Restam-nos hoje, no silêncio hostil,

O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.


Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia -,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância –
Do mar ou outra, mas que seja nossa!


“Mensagem” de Fernando Pessoa


Lorina Miranda